Amar os inimigos é um absurdo para o incrédulo; aquele para quem a vida presente é tudo, não vê no inimigo senão um ser nocivo perturbando sua tranquilidade, e do qual crê que só a morte pode livrá-lo; daí o desejo de vingança; não tem nenhum interesse em perdoar se isso não é para satisfazer seu orgulho aos olhos do mundo; perdoar mesmo, em certos casos, lhe parece uma fraqueza indigna de si; se não se vinga, não lhe conserva menos rancor e um secreto desejo do mal.
Para o crente, mas para o espírita sobretudo a maneira de ver é diferente, porque ele considera o passado e o futuro, entre os quais a vida presente não é senão um ponto; sabe que, pela própria destinação da Terra, deve prever encontrar nela homens maus e perversos; que as maldades das quais é alvo fazem parte das provas que deve suportar, e o ponto de vista elevado em que se coloca, lhe torna as vicissitudes menos amargas, venham elas dos homens ou das coisas, se ele não se queixa das provas, não deve murmurar contra aqueles que delas são instrumentos; se, em lugar de se lamentar, agradece a Deus por experimentá-lo, deve agradecer a mão que lhe fornece a ocasião de provar sua paciência e sua resignação. Esse pensamento o dispõe naturalmente ao perdão, ele sente, por outro lado, que quanto mais é generoso, mais se engrandece aos próprios olhos e se acha fora do alcance dos golpes malevolentes do seu inimigo.
O homem que ocupa uma posição elevada no mundo não se crê ofendido pelos insultos daquele a quem considera como seu inferior; assim ocorre com aquele que se eleva, no mundo moral, acima da humanidade material; ele compreende que o ódio e o rancor o aviltariam e o rebaixariam; ora, "para ser superior ao ser adversário, é preciso que tenha a alma maior, mais nobre e mais generosa".(Allan Kardec).
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